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MAPA – NUT – DIETOTERAPIA – 51/2023
A inadequação da dieta via oral no ambiente hospitalar pode levar à desnutrição?
A revisão sistemática mais recente sobre desnutrição hospitalar, publicada por Correia e colaboradores em 2017, que avaliou 66 publicações latino-americanas (12 países, aproximadamente, 30.000 pacientes), confirmou a manutenção da alta prevalência de desnutrição em pacientes hospitalizados, dados que corroboram com os achados em 1998 pelo inquérito brasileiro (IBRANUTRI) que avaliou 4 mil pacientes internados na rede pública hospitalar de vários estados brasileiros e identificou a prevalência da desnutrição em 48,1% dos pacientes.
Fontes:
CORREIA, M. I. T. D.; PERMAN, M. I.; WAITZBERG, D. L. Hospital Malnutrition in Latin America: a systematic review. Clinical Nutrition, v. 36, n. 4, p. 958–967, 2017.
CORREIA, M. I. T. D.; CAIAFFA, W. T.; WAITZBERG, D. L. Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBRANUTRI): metodologia do estudo multicêntrico. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 13, n. 1, p. 30–40, 1998.
Faça a leitura do caso a seguir:
Ao passar visitando o setor de enfermaria do hospital em que você trabalha como nutricionista, depara-se com uma paciente do sexo feminino, com 69 anos, deambulando com apoio, que veio transferida de outro serviço de saúde de atenção secundária devido a um quadro recente (há três meses) de lesão hemorrágica frontal esquerda (AVE, Acidente Vascular Encefálico), que ocasionou uma disfagia moderada-grave. A paciente teve como prescrição a terapia nutricional enteral como via de alimentação única nos primeiros 15 dias após o ocorrido.
Durante a internação, com o trabalho em conjunto do profissional de nutrição e fonoaudiologia, ela teve alta para casa após 30 dias de internação (15 dias com terapia enteral e 15 dias com evolução de consistência da dieta). Na alta, apresentava disfagia leve-moderada e prescrição de dieta via oral pastosa. Contudo, a paciente foi reinternada (internação atual) devido a um quadro de pneumonia, decorrente de uma broncoaspiração (condição em que substâncias estranhas, alimentos, líquidos, saliva ou vômito são aspirados pela via respiratória). Paciente sem déficits neurológicos e sem agravamento clínico.
Quando questionada sobre a alimentação ofertada em casa durante esse período pós-alta da primeira internação, a filha (cuidadora) referiu que modificaram, por conta própria, há 10 dias, a alimentação da paciente, composta por água, suco de fruta, água de coco, gelatina semi-líquida, sopa de legumes com carne batida e coada, iogurte na consistência fluida e leite com café.
Ao realizar a avaliação antropométrica, identificou-se: peso habitual (seis meses, relatado): 69,3 kg; peso (aferido na alta da primeira internação, há dois meses): 66,5 kg; peso (aferido e atual): 61,7 kg; altura (aferida): 1,62 m; circunferência da panturrilha: 30 cm. No exame físico: perda leve de gordura subcutânea, depleção leve de bola gordurosa de Bichat, não há presença de edema. Nega vômitos, diarreia e constipação.
Com base nos conhecimentos adquiridos na disciplina de Dietoterapia, você consegue identificar como foi a evolução da consistência da dieta com base no quadro clínico da paciente logo após a suspensão da terapia nutricional enteral? Conforme os dados antropométricos e de exame físico, é possível determinar o diagnóstico nutricional da paciente? A prescrição da dieta é um ato privativo do nutricionista, reforçando a necessidade do profissional no ambiente hospitalar em quantidade suficiente para avaliação e acompanhamento dos pacientes (perguntas reflexivas).
Sabe-se que a desnutrição está presente em 30 a 50% dos pacientes internados e que esse quadro não mudou nos últimos 20 anos, e a baixa ingestão da dieta oral e inadequação da dieta contribuem para esse estado nutricional. Uma ingestão em torno de 50% da dieta oral está associada à desnutrição e é fator de risco independente do tempo de internação.
Fonte: VALADÃO, T. A. et al. “Diga Não à Desnutrição”: diagnóstico e conduta nutricional de pacientes internados. BRASPEN J, v. 36, n. 2, p. 145–150, 2021.
Contudo, mesmo diante desses dados, a dieta via oral ainda é muito negligenciada no ambiente hospitalar. É fundamental que o paciente tenha acesso à avaliação nutricional, contemplada por uma avaliação do consumo alimentar e a realização de adaptações na conduta profissional segundo o percentual ingerido para adequação da prescrição dietética conforme a necessidade nutricional do paciente.
Com todas as informações expostas, agora, é o momento de agir! Pensando que você é o(a) nutricionista do hospital mencionado, imagine que a paciente precisa ser avaliada de forma correta para posterior conduta com prescrição dietética adequada.
Para realizar esta atividade, você deverá realizar a leitura das Unidades 1 e 2 do livro da disciplina e verificar os MATERIAIS EXTRAS – SEMANA 02 na Sala do Café.
Com esse objetivo, você deverá analisar, pesquisar e responder cada item apresentado a seguir, para fazer o diagnóstico nutricional e a prescrição dietética adequada à paciente. Utilize os conhecimentos adquiridos por meio da leitura do livro da disciplina de Dietoterapia e da reprodução das aulas conceituais e ao vivo.
Apresente as respostas de forma sequencial nos locais indicados em seu formulário padrão da atividade MAPA.
1. Explique como deve ser o manejo terapêutico da disfagia orofaríngea e quais são as manifestações clínicas frequentemente associadas.
2. Apresente o diagnóstico nutricional da paciente (considere antropometria, exame físico e avaliação dietética).
3. Aponte quais são os principais objetivos no tratamento dietoterápico da disfagia.
4. Cite qual é a prática dietética que está relacionada com a ocorrência da broncoaspiração nessa paciente com diagnóstico de disfagia.
5. Descreva quais são as características das consistências dos líquidos com o uso de espessantes recomendados para pacientes com disfagia.
6. Indique qual é a dieta via oral recomendada para a paciente conforme o seu nível de disfagia. Aponte quais são os alimentos recomendados e elabore um exemplo de almoçocom descrição dos alimentos/preparações. Não há necessidade de estabelecer quantidades (considere consistência e especificidade de acordo com quadro clínico e diagnóstico nutricional).
7. Descreva seis orientações para dieta via oral indicada para a alta hospitalar do paciente com disfagia (utilize o material complementar: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2014/10/Consenso_Brasileiro_de_Nutricao1.pdf ou consulte na Sala do Café).
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